domingo, 11 de novembro de 2007

Fábrica de celulose gera tensão entre Argentina e Uruguai durante a Cúpula Ibero-Americana

10/11/2007

P. E. / J. M.
Em Santiago


A tensão diplomática entre a Argentina e o Uruguai devido à entrada em operação de uma fábrica de pasta de celulose na fronteira fluvial entre os dois países ocupou ontem o lugar de destaque da Cúpula Ibero-Americana, quando se soube que o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, havia emitido na quinta-feira, ao chegar ao Chile, a autorização para o funcionamento da polêmica fábrica e que esta começou a operar ontem mesmo. O caso, que a Argentina levou ao Tribunal Internacional de Haia, tem a mediação do rei da Espanha -oficialmente chamada de "facilitação"-, e o monarca espanhol foi a referência das intervenções antes da sessão plenária, tanto de Vázquez como do presidente argentino, Néstor Kirchner.
Manuel Délano
Em Santiago


A Cúpula dos Povos, paralela à Cúpula Ibero-Americana, preparava-se ontem para concluir os debates de 4 mil participantes com um apelo à construção de uma comunidade de nações latino-americanas, a mudança do modelo neoliberal, o fim da exclusão, o reconhecimento dos povos aborígines, a recuperação dos recursos naturais da região e o fortalecimento dos processos democráticos.

As conclusões serão entregues hoje aos presidentes que participam da Cúpula Ibero-Americana e apresentadas no ato final que terá lugar hoje no velódromo do Estádio Nacional, ao qual deverão assistir os presidentes da Venezuela (Hugo Chávez), Bolívia (Evo Morales), Nicarágua (Daniel Ortega) e o vice-presidente de Cuba (Carlos Lage), enquanto a presença do chefe de Estado do Equador, Rafael Correa, não foi confirmada.

Um leque variado do progressismo latino-americano, situado à esquerda das social-democracias e integrado por mais de cem organizações sociais, centrais operárias e partidos políticos, participa da Cúpula dos Povos. Por outro lado, alguns acadêmicos não concordam com a decisão da universidade de entregar um doutorado "honoris causa" ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em um ato previsto ontem depois do encerramento da Cúpula dos Povos.

Três presidentes participam de reunião na Cúpula dos Povos


O governo argentino apresentou ontem um enérgico protesto diplomático ao uruguaio, poucas horas depois que a chaminé de 120 metros de altura da empresa finlandesa Botnia começou a lançar fumaça diante da margem argentina do rio Uruguai. Fontes espanholas destacaram que tanto o governo como a casa real haviam recebido a notícia com estranheza e decepção. O fato causou especial desagrado ao Executivo argentino, pois este dava por certo que o Uruguai não colocaria a fábrica em funcionamento pelo menos até o final da cúpula. De fato, Vázquez já tinha dado luz verde para isso há vários dias, mas decidiu congelar a medida a pedido do governo espanhol. Quando na tarde de quinta-feira Kirchner e Vázquez se cumprimentaram cordialmente, tudo parecia prognosticar que pelo menos estavam no caminho do diálogo.

Mas na madrugada de ontem (horário espanhol) o Uruguai anunciou a reativação da permissão. Fontes uruguaias indicaram a decepção de Vázquez diante de declarações feitas por Kirchner na embaixada argentina em Santiago, nas quais, depois de receber um texto de manifestantes argentinos contrários à fábrica, salientou que continuava "pensando o mesmo" sobre a crise. Segundo essa versão, ao saber dessas declarações Vázquez ligou para Montevidéu e reativou a permissão. Fontes argentinas insistiram, porém, que quando os dois presidentes se cumprimentaram no Chile o uruguaio já tinha tomado a decisão.

"Quero lhe pedir desculpas porque em um momento pedi que mediasse o problema", disse Kirchner ao rei da Espanha ontem no plenário da cúpula. "O senhor demonstrou sua qualidade de estadista, muito obrigado", acrescentou o argentino. Vázquez também elogiou a figura mediadora do rei Juan Carlos, mas à diferença de Kirchner expressou seu desejo de que ele "continue seu trabalho no futuro". Vázquez encontrou-se a sós com o rei em um dos intervalos da sessão. O governo espanhol, segundo o ministro das Relações Exteriores, Miguel Ángel Moratinos, salientou sua disposição a continuar facilitando o diálogo, mas acrescentou que isso depende das partes em conflito.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Visite o site do El País

Fonte: Notícias Uol


http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2007/11/10/ult581u2330.jhtm

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial