quinta-feira, 23 de abril de 2009

Na Argentina, Lula diz que Brasil é dono do próprio nariz

MARCIA CARMO
de Buenos Aires para a BBC Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira em Buenos Aires, durante encontro com a presidente argentina Cristina Kirchner, que o Brasil "só deu certo quando foi dono de seu nariz".

"Agora começam a dizer quanto o Brasil vai crescer, quanto a Argentina vai crescer. Não quero ser desrespeitoso, mas o Brasil só deu certo quando foi dono de seu nariz", afirmou, ao lado de Kirchner.

O discurso de Lula foi feito um dia depois de divulgada a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) de retração da economia global, com expectativa de queda de 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

"Se fossem tão fiscalizadores das crises como foram da Argentina e do Brasil, saberíamos desta crise [internacional] três anos antes", disse.

O presidente destacou ainda que a crise é uma "oportunidade" para que cada país implemente suas medidas, sem atender recomendações de organismos internacionais.

"A crise é oportunidade para fazermos o que não podíamos porque haviam as normas de Basiléia [sede do Banco Internacional de Compensações, que reúne os Bancos Centrais do mundo], do FMI e do Banco Mundial. E agora temos que criar as nossas regras."

"Medo de crise"

Lula iniciou suas declarações, dizendo que "as pessoas têm que entender que não podem mais tratar Argentina e Brasil como na década de oitenta".

Lula também sugeriu que, em vez de falar de crise, se comece a falar na etapa pós-crise internacional.

"Não tenho medo de crise. Sou de uma região do Brasil onde se a criança tiver medo de crise, nem nasce".

Também nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou as projeções feitas pelo FMI.

Protecionismo

Esta é a terceira reunião entre Lula e Kirchner depois que os dois líderes decidiram realizar encontros semestrais para estreitar as relações entre seus países.

Lula falou sobre a "importância" da integração bilateral, num momento em que o comércio entre os dois países registra forte queda --de cerca de 50% nos primeiros três meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado.

Empresários dos dois países tentam chegar a acordos setoriais, depois que o governo argentino adotou, recentemente, medidas alfandegárias que atrasaram o desembarque das mercadorias, afetando produtos do Brasil.

Pouco antes, numa rápida coletiva, Cristina defendeu a postura argentina, falando da importância de se "defender o emprego e a indústria nacional" nestes tempos de turbulência econômica internacional.

"Não olhemos apenas para as alfândegas quando falamos em protecionismo. Olhemos também para questões cambiais e fiscais para não responsabilizar só questões de alfândega", disse ela.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Bispos paraguaios negam ter recebido denúncias contra Lugo

da Efe, em Assunção

A Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) assegurou nesta terça-feira que não recebeu denúncia alguma da suposta paternidade do então bispo e hoje presidente do país, Fernando Lugo.

Em comunicado, a CEP respondeu assim a declarações do bispo de Alto Paraná e Canindeyú, Rogelio Livieres, que disse à imprensa que a "igreja tem os nomes das mulheres" que denunciaram Lugo.

"A Conferência Episcopal Paraguaia nunca recebeu denúncia formal por escrito em relação a Lugo e a questões de suposta paternidade", diz o texto.

"Se a denúncia foi apresentada perante a Nunciatura Apostólica, seu tratamento e definição foram de exclusiva competência da [instituição] mencionada", afirma a nota. A Nunciatura é a representação diplomática do Vaticano, equivalente à embaixada.

Livieres, uma das referências do setor conservador da CEP e crítico de Lugo, afirmou que o núncio apostólico no Paraguai dos anos 2002 a 2004, Antonio Lucibello, tinha recebido denúncias escritas de mulheres que assinalavam que o pai de seus filhos era o então bispo de San Pedro, Fernando Lugo.

Segundo ele, todas as denúncias que não quantificou são anteriores às de Viviana Carrillo, de 26 anos, cujo filho, Fernando Armindo, de dois anos, foi reconhecido na semana passada por Lugo como seu, depois de um processo de filiação.

"Isso de Lugo todo mundo sabia, em vários setores todos os dados eram analisados. A igreja falhou ao não ter falado com maior clareza, foi uma forma de acobertar", assegurou Livieres, ao opinar que o escândalo que envolve Lugo "causa um grave dano à igreja".

O comunicado da CEP diz que o conselho "lamenta e rejeita as expressões do monsenhor Rogelio Livieres que fazem entender que houve encobrimento ou cumplicidade dos bispos do Paraguai sobre a conduta moral do então membro do colégio episcopal".

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u554136.shtml