sexta-feira, 24 de julho de 2009

Países do Mercosul aprovam substituição do dólar em comércio

da France Presse, em Assunção

O Conselho do Mercado Comum do Mercosul aprovou nesta quinta-feira a substituição do dólar por moedas locais no intercâmbio comercial do bloco sul-americano. Reunidos na 37ª Cúpula de Assunção (Paraguai), os ministros dos países-membros defendem que a medida serve para enfrentar a crise econômica.

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Com o acordo para substituir o dólar, "toda atividade que implique o uso de dinheiro será realizada com moedas de nossos países, sem ter o dólar como referência", disse à agência de notícias France Presse o vice-ministro paraguaio das Relações Exteriores, Oscar Rodríguez. A medida "terá uma grande repercussão em todas as atividades econômicas [da região]", afirmou.

Paraguai e Uruguai estarão incorporados ao novo sistema de intercâmbio a partir do final de 2010, após a conclusão de detalhes técnicos envolvendo os bancos centrais dos dois países. Atualmente, Brasil e Argentina já realizam trocas comerciais usando o real e o peso argentino em seu comércio.

Atualmente, Brasil e Argentina já realizam trocas comerciais usando o real e o peso argentino em seu comércio. Os dois países adotaram um acordo bilateral para o comércio em moeda local, mecanismo que beneficia principalmente as pequenas e médias empresas pela economia na intermediação de divisas com o dólar.

Crescimento econômico

Os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais reunidos em Assunção estimaram que o Bloco crescerá este ano com as políticas de expansão adotadas para se enfrentar a crise mundial. "Os países têm adotado, em geral, políticas monetárias e fiscais expansivas para paliar o efeito da recessão mundial", destacou o ministro da Fazenda do Paraguai, Dionisio Borda.

Os relatórios dos especialistas revelam que "a maioria [dos países] terá crescimento em 2009, exceto Chile e Paraguai", destacou Borda em entrevista coletiva.

Borda lembrou que o Chile calcula para 2009 uma queda do PIB de 1%, enquanto o Paraguai deve sofrer um recuo de 3% a 4%. Na outra ponta, a Bolívia deve obter um avanço do PIB de 4%. O Brasil tem uma expectativa de queda de 0,34%, segundo analistas ouvidos pelo Banco Central.

"Os níveis de crescimento de nossos países são muito mais promissores do que os previstos pelos organismos multilaterais e os setores privados", destacou o funcionário paraguaio, ao comentar os relatórios dos ministros presentes em Assunção.

"Estamos saindo da crise, cujos canais de transmissão foram o setor financeiro, a retração do envio de dinheiro (dos emigrantes) e a queda no comércio internacional."